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Rinotraqueíte viral felina

A rinotraqueíte viral felina (RVF) é uma doença frequente entre gatos domésticos. É causada pelo herpesvírus e atinge, principalmente, o sistema respiratório do animal. Embora seja parecido com o herpesvírus humano, o patógeno que provoca a enfermidade nos gatos não infecta pessoas, o que significa que a rinotraqueíte viral não é uma zoonose.

Contágio

A transmissão entre felinos ocorre a partir de secreções infectadas por contato direto ou de forma indireta como, por exemplo, através de espirros. Em gatas prenhes, o vírus pode ser transmitido da mãe para os filhotes, além de haver o risco de aborto em decorrência da doença.

Ao entrar no organismo do gato através da mucosa oronasal e ocular, o vírus se replica nas células do trato respiratório e conjuntiva, causando necrose multifocal epitelial. A doença avança até atingir os neurônios sensoriais, principalmente o ramo trigemial, onde o vírus fica em latência, podendo ser reativado.

A rinotraqueíte viral acomete principalmente os filhotes, devido a maior fragilidade do sistema imunológico.

Sintomas

Os primeiros sintomas da rinotraqueíte viral costumam se manifestar cerca de 24 horas após o contágio. Espirros, secreção nasal, dificuldade para respirar, febre, desidratação e salivação são alguns deles. Há casos em que o gato desenvolve broncopneumonia. Devido à replicação do vírus nos olhos do animal, é comum a ocorrência de ceratite (inflamação da córnea), conjuntivite e simbléfaro (adesão da conjuntiva a si mesma ou à córnea, resultando num aspecto opaco esbranquiçado ou azulado). É possível que o felino desenvolva dermatite de contato ao redor dos olhos, úlcera de córnea e/ou, em casos mais avançados da doença, úlceras pelo corpo.

Se não for tratada adequadamente, a rinotraqueíte viral é capaz de causar complicações como a rinite crônica, que se desenvolve devido à destruição do epitélio nasal e ao ataque de bactérias oportunistas, como Clamydophila Felis e Staphylococcus.

Quando a doença se instala no felino de maneira crônica – o que é comum em cerca de 80% dos casos – podem ocorrer crises ao longo da vida do animal, desencadeadas por fatores como estresse (causado por uma viagem, por exemplo) e reativação da replicação do vírus, levando a recidiva dos sintomas.

Diagnóstico

O diagnóstico é basicamente sintomatológico, porém nos casos crônicos é importante a realização de culturas fúngicas e bacterianas das secreções nasais. O PCR é o teste mais recomendado para o diagnóstico final da herpesvirose. A colheita da amostra é feita por meio de swabs e esfregaços da córnea, orofaringe e por meio de sangue total e biópsias.

Tratamento

O tratamento da rinotraqueíte viral é voltado para o controle dos sintomas e a prevenção de infecções secundárias. Antibióticos são recomendados uma vez que inibem o ataque de bactérias oportunistas. Para os sintomas oculares, pomadas oftálmicas ou colírios devem ser utilizados o quanto antes, evitando-se assim ulcerações corneanas graves. Nebulizações são indicadas para fluidificação das secreções e alívio da obstrução nasal. Em quadros mais graves, em que o paciente tem dificuldade respiratória, a oxigenoterapia é indicada.

Tratamento de suporte é frequentemente empregado. A doença pode fazer o felino reduzir a ingestão de água, por isso é comum ocorrer desidratação. Neste caso, a fluidoterapia (administração de soro) se faz necessária. Comumente o paciente reduz ou cessa a ingestão de alimentos; a colocação de sonda para alimentação muitas vezes é indicada em pacientes com anorexia persistente e não responsiva a estimulantes de apetite.

Prevenção

A imunização é a principal forma de prevenção contra o herpesvírus. As vacinas polivalentes felinas protegem da rinotraqueíte viral e de outras doenças. A indicação da vacina polivalente mais adequada para cada gato é feita por um médico veterinário e é recomendada a partir de 60 dias de vida.